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Hospedando Eco-Sensorial, EAV Parque Lage, 2019

De 2019 até o início de 2021 eu era curadora residente da Biblioteca | Centro de Documentação e Pesquisa na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, ao convite de Ulisses Carrilho, onde criei o programa de pesquisa "Hospedando". Essa programa semestralmente se concentrava em uma pesquisa histórica de um nome ou evento ligado à escola. Cada projeto usava materiais de arquivo da escola, a Memória Lage, como base de pesquisa, e convida outros convidados a contribuir com seus trabalhos e ideias. O objetivo era desenvolver conversas sobre questões artísticas e sociais para criar vínculos entre as gerações que passam pela escola. Minha collegas, as bibliotecárias Rubia Luiza da Silva e Juliana Machado, desenvolveram o programa comigo. ​

 

"Hospedando Eco-Sensorial" é um projeto que se desenvolveu a partir de uma exposição feita na EAV Parque Lage em 1992. Neste ano, ocorre no Rio de Janeiro a grande Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, a ECO-92, reunindo líderes mundiais para debater os problemas ambientais mundiais. Foi também um importante ponto de encontro para organizações sociais, incluindo o movimento de mulheres e grupos indígenas, alguns dos quais se estabeleceram no Rio naquela época. Foi logo após a ECO-92 que um grupo de artistas criou a exposição “Eco-Sensorial – extrativismo urbano” na EAV Parque Lage.

Os artistas do exposição entendiam a cidade e o ambiente natural como indissoluvelmente ligados, e se aproximavam da paisagem urbana como uma reserva generosa da qual colher inspiração para fazer suas obras de arte. Com suas “equipes extrativistas” e “arrastões sensoriais”, eles acumularam uma coleção crescente de matérias-primas da cidade e do ECO92 que foram processados ​​para a exposição e, como tal, ressignificaram práticas de exploração ambiental com novos significados artísticos.

O projeto de pesquisa “Hospedando Eco-Sensorial” decorreu de setembro a dezembro de 2019 e se desenvolveu a partir de seus esforços e vocabulário para ver como os artistas e praticantes culturais hoje estão reagindo ao ambiente natural e urbano 27 anos depois do projeto original. Com um pequeno exposição na Biblioteca e encontros regulares,  exploramos narrativas e visões do mundo que se desenvolveram em paralelo às hegemônicas, num momento em que as questões ecológicas são ainda mais urgentes. Durante “Hospedando Eco-Sensorial”, a Biblioteca da EAV Parque Lage funcionou como uma “usina de relacionamentos de elementos sensoriais”, dentro da qual se juntam contribuições artísticas de Aimberê Cesar, Claudia Ferreira (CACES), Luiza Crosman, Mariana Guimarães e Simone Moraes, Norberto José Martinez, Pedro Vitor Brandão, Sophia Pinheiro, e outros convidados.

A exposição original “Eco-Sensorial - extrativismo urbano” (1992) contou com os artistas Alex Hamburger, Alexandre Dacosta, Clara Cavendish, João Grijó, João Modé, Jorge Barrão, Lucília de Assis, Márcia X Pinheiro, Marcio Doctors, Milton Machado, Paulo Paes, Ricardo Basbaum, Ricardo Sepúlveda, e Rosângela Rennó, alguns dos quais participaram nos encontros mensais na varanda da Biblioteca.

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Colagem de um trabalho do João Modé feito para a exposição Eco-Sensorial (1992) e desenhos da série MÁTRIA da Sophia Pinheiro (2019). Design: Janna Brilyantova. Cada encontro teve um design diferente.

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Colagem de um trabalho do João Modé feito para a exposição Eco-Sensorial (1992) e desenhos da série MÁTRIA da Sophia Pinheiro (2019). Design: Janna Brilyantova. Cada encontro teve um design diferente.

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Da esquerda para a direita, de cima para baixo": instalação "Sem Conserto" do Pedro Victor Brandão; cartazes da Mariane Guimarães e Simone Moraes; tecido da Sophia X Pinheiro; vitrine com materiais do acervo Memória Lage sobre a exposição "Eco-Sensorial - extrativismo urbano" (1992). 

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Abertura "Hospedando Eco-Sensorial" com a presença de alguns dos artistas da exposição original de 1992: Alex Hamburger, Alexandre Dacosta (pelo celular), Lucília de Assis, Marcio Doctors, Marcos Bonisson, Milton Machado, Paulo Paes, e Ricardo Basbaum. Foto: Gabi Carrera.

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Sandra Maria Teixeira no segundo encontro do "Hospedando Eco-Sensorial". Foto: Gabi Carrera.

No encontro "Territórios de atenção: Horto e Vila Autódromo", convidados Emília Maria de Souza e Emerson de Souza (Horto) e Sandra Maria Teixeira (Vila Autódromo) falaram sobre o cuidado e a dedicação que eles trazem ao seu entorno e suas experiências de viver em bairros onde os moradores estão em luta constante pela manutenção da moradia. Com duas curtas-metragens: um prévio do "Flux-Cities: Horto, Rio de Janeiro, Brazil" da So-jin Chun, e um filme da série "Caminhar ao redor, e caminhar para longe" (2019) de Cristina Ribas, Lucas Sargentelli e Sol Archer. 

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Convidadas Claudia Ferreira e Rosângela Rennó no terceiro encontro do "Hospedando Eco-Sensorial". Foto: Gabi Carrera.

O encontro "Práticas da socionatureza carioca: imagens e narrativas" foi um diálogo crítico sobre Eco-92 a partir das perspectivas artísticas, documentais e da pesquisa ecológica, com a artista Rosângela Rennó, a fotógrafa Claudia Ferreira e o pesquisador Bruno Capilé. O encontro apresentou duas mulheres que fizeram trabalhos fotográficos retratando pessoas de formas divergentes durante Eco-92. Rosângela Rennó participou da exposição "Eco-Sensorial" na EAV Parque Lage em 1992 com um trabalho inquietante, composto por fotos extraídas dos jornais populares dos corpos assassinados durante o período do Eco-92. Claudia Ferreira é fotojournalista que registrou muitos dos encontros que aconteceram durante Eco-92, particularmente dos grupos de mulheres que se organizaram nessa época. Bruno Capilé contribuou na conversa com uma visão sobre a história ambiental urbana do Rio de Janeiro, e como a cidade proporcia fortes transformações em seus ecosistemas adjacentes para a manutenção de seu funcionamento interno. 

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Encontro do "Hospedando Eco-Sensorial" com Virgilio Moura, Alyne Costa e Pedro Victor Brandão. Foto: Gabi Carrera.

O encontro "Trajetórias ambientais e artísticas: recuperando mundos" com Alyne Costa, Pedro Victor Brandão e Virgilio Moura tratou da mudança climática em relação aos vários usos e abusos de recursos naturais dentro da circulação de economia global. Com Pedro Victor Brandão, artista que apresentou sua obra "Sem Conserto" na banheira da Biblioteca; Virgilio Moura, marceneiro e coordenador dos vários programas socioambientais agindo contra incêndios na Amazônia; e a pós-dotouranda Alyne Costa (UFRJ) que falou sobre a crise ecológica e como melhor habitar esse planeta tão ferido.

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Encontro final do "Hospedando Eco-Sensorial" com convidados Gilson Andrade, Mãe Celina de Xangô e Elson Bragança. Foto: Gabi Carrera.

O encontro "Saberes ancestrais: terra, terreiro, cidade, ceu" com o pai de santo Elson Bragança, o artista e educador Gilson Andrade e Mãe Celina de Xangô, diretora do Centro Cultural Pequena África se focou nas saberes ancestrais das religiões afro-brasileiras, suas relações com as plantas medicinais e sagradas e os locais dos terreiros como zonas de encontro entre cidade, natureza e espiritualidade. 

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A ocupação "Biblioteca Estufa" das artistas Mariana Guimarães e Simone Morães foi um diálogo íntimo entre as mulheres escritoras no acervo da biblioteca e espécies de flores da Mata Atlântica. Com pequenas ações na Biblioteca durante 10 dias, uma tarde de inventariação de livros escritos por mulheres no acervo da Biblioteca da EAV, e um encontro final com convidada Karla Girotto, distribuição das plantas, bombas de semente (uma semente para cada mulher escritora presente na Biblioteca) e uma sessão especial de auscultar as árvores do Parque Lage. 

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Ocupação "Biblioteca Estufa" com Mariane Guimarães e Simone Moraes. Foto: Gabi Carrera.

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Ocupação "Biblioteca Estufa" com Mariane Guimarães e Simone Moraes. Conversa com Karla Girotto. Foto: Gabi Carrera.

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"Biblioteca Estufa": auscultar as árvores do Parque Lage. Projeto da Mariana Guimarães e Simone Moraes. Foto: Gabi Carrera.

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Cinelage "Ocupar a terra, ocupar a tela", na Oca do Parque Lage. Foto: Gabi Carrera. 

"Ocupar a terra, ocupar a tela" foi uma edição da programa Cinelage com uma curadoria em colaboraçãoa artista/diretora Sophia Pinheiro, com três curtas-metragens que abordam as experiências das mulheres indígenas e não-indígenas. Os filmes foram seguidos por uma conversa entre Sophia e Sandra Benites, antropóloga Guarani. Com filmes da Aline Baiana Cavalcanti; Patrícia Ferreira e Sophia Pinheiro; e Graciela Guarani e Alexandre Pankararu. 

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Cinelage "Ocupar a terra, ocupar a tela", conversa com Sophia Pinheiro e Sandra Benedites. Foto: Gabi Carrera.

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Aula aberta de passeio e desenho no parque, com professor Bernardo Magina e Kátia Rosendo. Foto: Gabi Carrera. 

A aula aberta "Passeio e desenho no parque" foi uma colaboração entre três unidades da escola: o curso "Pintura além do quadro" do professor Bernardo Magina, Visita Guiada, programa de passeios pela palacete e área verde coordenada por Kátia Rosendo com as guidas Rubia Luiza e Juliana Machado; e o projeto "Hospedando Eco-Sensorial" da Biblioteca. Durante essa aula, foi feito um passeio pelo parque mediada pela Kátia Rosendo, com pausas em três paradas para desenhar, mediados pelo Bernardo Magina, que trouxe sua experiência na pintura no campo ampliado e na exploração de diferentes espaços na cidade. A aula começou na Biblioteca com uma pequeno introdução sobre o projeto "Eco-Sensorial". 

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Aula aberta de passeio e desenho no parque, com professor Bernardo Magina e Kátia Rosendo. Foto: Gabi Carrera. 

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