Hospedando Lélia Gonzalez, EAV Parque Lage, 2019
De 2019 até o início de 2021 eu era curadora residente da Biblioteca | Centro de Documentação e Pesquisa na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, ao convite de Ulisses Carrilho, onde criei o programa de pesquisa "Hospedando". Essa programa semestralmente se concentrava em uma pesquisa histórica de um nome ou evento ligado à escola. Cada projeto usava materiais de arquivo da escola, a Memória Lage, como base de pesquisa, e convida outros convidados a contribuir com seus trabalhos e ideias. O objetivo era desenvolver conversas sobre questões artísticas e sociais para criar vínculos entre as gerações que passam pela escola. Minha collegas, as bibliotecárias Rubia Luiza da Silva e Juliana Machado, desenvolveram o programa comigo.
Em 1976, Lélia Gonzalez (1935-1994) iniciou o primeiro curso de cultura negra na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. O curso teve como foco a presença de artistas negros na arte brasileira e na cultura popular, trazendo questões de linguagem, religião, identidade e exclusão. Lélia Gonzalez foi antropóloga, professora de cultura Brasileira na PUC-RJ, política e defensora dos direitos humanos. Lélia era um símbolo muito importante para o movimento negro no Brasil, que publicou inúmeros artigos, dois livros, e ajudou a fundar instituições como o Movimento Negro Unificado (MNU), o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga e o Olodum.
O projeto de pesquisa “Hospedando Lélia Gonzalez (1935-1994)” decorreu de março a julho de 2019, com os seguintes componentes:
– Exposição na biblioteca com materiais da Memória Lage e o acervo da Lélia Gonzalez, e contribuições dos artistas contemporâneos Aline Besouro, Millena Lízia e Yhuri Cruz.
– Encontros mensais para aprofundar a pesquisa com convidados. Os convidados foram Raquel Barreto e Ana Maria Felipe (abertura, 20/3); Aline Valentim (roda de leitura e dança, 17/4); Aline Besouro, Tadáskía, Millena Lízia, e Yhuri Cruz (conversa com os artistas que contribuiram no projeto, 22/5); Georgia Grube Marcinik, Maya Inbar, e Obirin Odara (roda sobre branquitude, 19/6). O encontro final foi chamado "Lélia Gonzalez - para não esquecer" e foi co-organizado com Raquel Barreto. Contou com a presença especial da Zezé Motta e contribuições de Beatriz Vieirah, Elizabeth Viana, Glau Tavares, Keyna Eleison, e performances e pinturas de Andréa Almeida, Carol Sunshine, Dila Oliveira, Susan Soares e Viviane Laprovita.
– Estante com novos livros da biblioteca sobre artistas negras, com foco na mulheres e questões raciais – uma iniciativa das bibliotecárias.
– Uma pasta com linha do tempo, textos escrito pela Lélia Gonzalez, e materiais encontrados durante a pesquisa.
– A escola também ofereceu o curso intensivo “Lélia A. Gonzalez, uma pensadora negra e feminista” da professora Raquel Barreto.
Agradecimento especial para Rubens Rufino, da Redeh (Rede de Desenvolvimento Humano), os artistas envolvidos e todos que contribuíram com o projeto.
No final do projeto, um livreto foi produzido, organizado pelo curador da escola, Ulisses Carrilho, Juliana Machado e Rubia Luiza da Silva. O livreto foi lançado no 3 de março 2021 com convidadas Evelyn Bastos e Helena Theodoro. Baixe o livreto “Hospedando Lélia Gonzalez” aqui.
Para mais informações sobre o projeto e os convidados, veja o site da EAV Parque Lage.
Colagem feita para a divulgação do projeto, com imagem da Aline Besouro e foto do Januário Garcia.
Livro da Lélia Gonzalez, Festas populares no Brasil. Index, 1987. E dois cartazes da Aline Besouro, da série Boca Semente, 2019. 30 x 40 cm.
Estante de livros para o projeto "Hospedando Lélia Gonzalez" e encontros na Biblioteca.
Millena Lízia, Deslizes de uma economia erótica colonial. Experiência epidérmica sobre parede de alvenaria de Biblioteca da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Corpo, grafie e estêncil em papel paraná. 60 x 130 cm. Foto: Renan Lima.
Yuri Cruz, Monumento-documento à presença. Pesquisa e contrato ético com a EAV Parque Lage não assinado, adaptado para cartaz, 2018-2019. 42 x 59 cm.
Aline Besouro, Confia, 2019. Zine, 15 x 21 cm. 16 páginas.
Lélia Gonzalez e Carlos Halsenbalg, Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982.
Cartaz atribuído a Rubens Gerchman, Capoeira Angola - Mestre Morais, EAV Parque Lage, 1975-1979. 22 x 33 cm. Acervo Memória Lage.
Vitrine com arquivos da época da Lélia Gonzalez na EAV Parque Lage, 1975-1979. Acervo Memória Lage.
"Lélia Gonzalez - para não esquecer" - encerramento do projeto com Keyna Eleison, Zézé Motta e Raquel Barreto. Foto: Renan Lima.
"Lélia Gonzalez - para não esquecer" - encerramento do projeto com ex-aluna da Lélia, Zézé Motta. Foto: Renan Lima.
"Lélia Gonzalez - para não esquecer" - encerramento do projeto com Rubia Luiza da Silva. Foto: Renan Lima.
Lancamento do livreto "Hospedando Lélia Gonzalez (1935-1994)" com roda de conversa sobre mulheres negras no carnaval, com convidadas Evelyn Bastos e Helena Theodoro. Foto: Gabi Carrera.
Lancamento do livreto "Hospedando Lélia Gonzalez (1935-1994)" com roda de conversa sobre mulheres negras no carnaval, com convidadas Evelyn Bastos e Helena Theodoro. Foto: Gabi Carrera.
Lancamento do livreto "Hospedando Lélia Gonzalez (1935-1994)" com roda de conversa sobre mulheres negras no carnaval, com convidadas Evelyn Bastos e Helena Theodoro. Foto: Gabi Carrera.